As ausências a que me obrigas
Marcadas por esse teu triste olhar
São sombras envergonhadas de intrigas
A que me sujeito sem me preocupar
Refugio-me nesse teu olhar penetrante
Escondo-me em mim da tua presença
Perco-me neste caminho errante
Que percorro em constante descrença
A felicidade é uma quimera
É efémero sentimento cantado
Por poetas desta e de outra era
Em canção e em verso rimado
O amor, esse sentimento tão nobre
Brota de qualquer coração enamorado
Seja rico ou seja pobre
É assim a vida de um apaixonado
Nas ausências insisto em ficar
Ao teu lado ainda que te perca
Perdido na imensidão do teu olhar
Refugiado no coração que se aperta
Encontro-te finalmente entre a imensidão
Dos meus sonhos e pesadelos urdidos
Tornas-te o meu rochedo, o meu bastião
Senhora de destinos incompreendidos
Rendo-me nesta destemida covardia
De declarar este amor que me assalta
Que cresce nesta alma deserta, bravia
E ainda que te tenha, sinto-te falta.
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